me encontro num pequeno boteco, num miserável bairro que por fotos lembravam Kingston. Apenas 2 mesas e 4 cadeiras todas feitas de madeira, um singelo barracão e um tronco de árvore deitado no chão compõem o ambiente. A luz do sol das 15h da tarde irritava a minha visão, que, sem proteção ocular, se rendia aos meus 3 graus de miopia. Mas nada levaria a minha energia positiva, estava ali por uma boa razão e ainda sobrara um pouco da erva para brindar e meditar. Sentado na mesa ao lado, uma mulher e 2 crianças conversavam e tomavam suco, que pela cor seria facilmente de laranja, mas apostaria mesmo em dizer que, pela diferença de idade e tratamento, com certeza faziam parte de uma família. Eles conversavam alegremente sobre o aniversário de um dos dois filhos, que se chamava Auguste... Aguistee.. alguma coisa parecida, a mãe falava tão rápido quanto o tempo que passara.. meu relógio já me mostrava 16h, e o sol apontando no horizonte ao leste do boteco, me davam certeza de que ele não estava errado. Faltavam apenas 20 minutos para a sua chegada, eu sabia que o encontro seria rápido, e teria que aproveitar cada instante daquele momento. Minhas mãos instintivamente vasculham meu bolso afim de tentar me acalmar e conter a ansiedade novamente. Além do que, seria muito bom partilhar minha crença da terra com pessoas do paraíso. Pego um servido punhado, afim de saciar a sede de sabedoria de todos, pois tinha certeza de que não viria sozinho. Concentrado em terminar de fazer um bom spliff, sou surpreendido:
- Quanto mais pessoas fumarem erva, mais a babilônia cai !!
Levanto a cabeça já sorrindo e comprimento-o com entusiasmo. Ele me apresenta um amigo que veio junto, um sábio rasta, cuja suas tranças tocariam o chão se não fosse pelo nó no meio. Digo sábio, porque aonde estou, grandes dreads e velhice, indicam experiência e sabedoria, que logo são absorvidas pela suas palavras "Tem homem que só lida com informação, outros que lidam com o conceito da verdade e uns que lidam com a magia. A informação tá em todo lugar, e a verdade vai na sua direção. Já a magia, ela passa por dentro de você." Meu amigo era o mesmo de sempre, alto, com seus longos dreads que em conjunto com sua face magra e expressiva, lembravam a um rosto de um leão, roupas apenas necessárias para cobrir o nú, e leves para não atrapalhar na elevação. O violão carregado nas costas por uma das mãos e sua voz verdadeira e inconfundível davam início aquela inesquecível tarde.
Conversamos, cantamos e fumamos por todo o tempo, falamos sobre a vida, o pós-vida, sobre nossas vontades, nossos desejos, nossas crenças... de tudo que vinha da verdade. Ele tocou e cantou suas canções preferidas, e me fez dançar junto com as crianças e sua mãe numa animada melodia, sua música espiritual contagiava qualquer alma. Mas o melhor mesmo era apenas sentar, e observar ele. Como conseguia atingir um estado tão elevado para fazer música, como conseguia extrair uma energia positiva tão impressionante do seu instrumento, com uma batida seca e rápida. Era visível de que aquele homem era um ser elevado, e de que aquilo tudo que acontecia parecia um sonho...
O sol acabava de sumir no infinito e meu anfitrião e seu velho amigo precisavam partir. Me despeço e agradeço satisfeito, era realmente tudo que eu esperava e precisava.
Parto de volta ao meu mundo, aquele estranho momento me fazia acreditar na meditação, me fazia refletir sobre as coisas com um novo olhar. Assim sou meu abrigo, dentro de mim, encontro a paz de espírito e as minhas verdades, e as minhas verdades, são espelhos das verdades de Jah.
20080409
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